Cardiopatia Congênitas e a Enfermagem

As cardiopatias congênitas são problemas decorrentes de malformações na estrutura do coração durante a fase de desenvolvimento do embrião.

Em geral, são alterações que interferem no correto fluxo de sangue dentro do coração, entre suas quatro cavidades ou nas válvulas cardíacas, por exemplo. Há também problemas que comprometem o fluxo nos vasos sanguíneos que entram ou que saem do coração. Do lado direito, o coração recebe o sangue venoso que seguirá para o pulmão para receber oxigênio; do lado direito, bombeia o sangue oxigenado para circular no organismo.

 

 

As cardiopatias congênitas perturbam esse processo: em alguns casos, as cavidades se comunicam quando não deveriam; em outros, a comunicação que deveria haver não existe; em outros, há estreitamentos ou obstruções que interferem na chegada ou na saída do sangue.  Há, ainda, casos em que ocorre a combinação de duas ou mais alterações.
Assim, há vários tipos de cardiopatias congênitas, um problema que, segundo o Centers for Disease Control and Prevention norte-americano, afeta aproximadamente 1% das pessoas nascidas por ano. A forma mais comum de cardiopatia congênita é a comunicação interventricular.
Sintomas e diagnóstico
As cardiopatias congênitas podem ser identificadas na fase intrauterina, no nascimento ou mais tarde – na infância, adolescência e até na vida adulta, dependendo do tipo da alteração no coração e dos seus reflexos. Na fase intrauterina, o problema é geralmente detectado por meio de ecocardiograma fetal.
No nascimento, dificuldade ou cansaço ao mamar e cianose (o bebê fica com os lábios e/ou pontas dos dedos arroxeados) podem ser indicativos de cardiopatia congênita. Aproximadamente um quarto dos recém-nascidos com cardiopatias congênitas apresentam sintomas já no primeiro ano de vida, necessitando intervenções cardíacas.
Em crianças maiores, o sinal mais frequente é o cansaço para realizar atividades físicas. Algumas cardiopatias congênitas são mais brandas e acabam sendo descobertas apenas na adolescência ou na vida adulta, quando começam a surgir sintomas como cansaço e falta de ar. No exame clínico, o médico especialista – cardiologista ou cardiologista pediátrico – poderá observar fatores como o sopro cardíaco (associado ao defeito no coração) e solicitará exames como eletrocardiograma e ecocardiograma para confirmar o diagnóstico.
Fatores de risco e prevenção
Em torno de 15% a 30% dos casos uma condição genética é detectável, mas na maior parte das vezes as cardiopatias congênitas não têm uma causa definida. Algumas doenças do bebê ou da mãe podem aumentar o risco, entre elas:
  • Doenças do bebê, como Síndrome de Down;
  • Doenças da mãe, como rubéola nos três primeiros meses de gestação, e alguns tipos de infecções.
É importante ressaltar que essas condições apenas levam a uma maior predisposição para o desenvolvimento de cardiopatias congênitas. Ou seja, um bebê com Down ou cuja mãe teve rubéola pode nascer com o coração absolutamente saudável.
A detecção precoce da cardiopatia congênita faz toda a diferença. Quando mais cedo o problema é identificado, maior a chance de sucesso no tratamento e prevenção de sequelas. Em alguns tipos de cardiopatias congênitas, o tratamento adequado e precoce permite a completa reversão do quadro, assegurando ao paciente vida normal, inclusive para a prática esportiva. A demora no diagnóstico e tratamento, ao contrário, pode gerar sequelas irreversíveis.
Tratamento
O tratamento varia de acordo com o tipo de cardiopatia congênita. Os medicamentos sempre fazem parte do cuidado, mas uma parte dos casos exige cirurgia ou as cada vez mais adotadas intervenções minimamente invasivas por meio de cateter, guiadas por imagem. Esses procedimentos, aliás, tornaram viável algo anteriormente impossível: o tratamento dessas doenças intraútero, ou seja, quando o bebê ainda está na barriga da mãe. O recurso é particularmente importante em alguns tipos de cardiopatias congênitas, como a estenose aórtica ou a atresia pulmonar (estreitamentos que dificultam a abertura das válvulas cardíacas para a saída de sangue do coração). São problemas graves, para os quais o tratamento ainda na fase intrauterina pode ajudar a melhorar a evolução clínica.
Após o nascimento, a cardiopatia congênita pode levar a uma situação crítica, com risco de morte da criança. Nesses casos, a intervenção por cateterismo é frequentemente adotada, por vezes até de maneira paliativa, com o intuito de reverter a emergência. O objetivo é assegurar a estabilização do quadro e o período de tempo necessário para que o bebê ganhe peso e possa ser submetido ao tratamento definitivo, que pode ser feito por meio de procedimento minimamente invasivo, cirurgia aberta ou, ainda, pela modalidade híbrida, que combina cateterismo e cirurgia.
Essas abordagens também são alternativas para o tratamento das cardiopatias congênitas que se manifestam na adolescência ou na fase adulta, mas, sempre que possível, o cateterismo costuma ser a opção preferencial em razão dos benefícios da intervenção minimamente invasiva, entre eles menos tempo de internação e maior rapidez na recuperação do paciente e retomada das atividades de rotina.
Os bebês com cardiopatias críticas podem permanecer assintomáticos pelos primeiros dias de vida e receberem alta hospitalar parecendo saudáveis, mas podem descompensar rapidamente em casa. Por isso, o diagnóstico precoce em tempo oportuno é fundamental para melhorar o prognóstico e reduzir as taxas de morbidade e mortalidade nesses casos(4,5).

Considerando que as cardiopatias congênitas são anomalias que determinam condições de vida e de desenvolvimento da criança e que a enfermagem está inserida em todas as etapas de cuidado a bebês portadores de cardiopatias, mesmo em unidades não especializadas, como a unidade neonatal, há necessidade de melhorar a prática clínica desse profissional, para que possa desenvolver cuidados seguros e baseado em evidências científicas.

 

 

FONTE: https://enfermagem.queroconteudo.com/2020/05/cardiopatias-congenitas-e-enfermagem.html