Como funciona o protocolo XABCDE do trauma?

O protocolo de trauma é um conjunto de cuidados básicos extremamente importantes em algum evento acidental que visa garantir a sobrevivência dos envolvidos.

O atendimento emergencial no pré-hospitalar deve conter processos bem definidos, que passam por avaliação inicial do paciente e sua consequente avaliação de risco. Caso o paciente traumatizado precise de reanimação, o método recomendado pela ATLS é o XABCDE do trauma. O protocolo do trauma compreende avaliação primária, reanimação, reavaliação, avaliação secundária detalhada e tratamento definitivo.

 

 

O protocolo de trauma foi desenvolvido por um médico ortopedista chamado Jim Styner, após um acidente com sua família. Depois de efetivamente vivenciar essa experiência, ele desenvolveu o Advanced Trauma Life Support (ATLS), como um guia para auxiliar e nortear qualquer pessoa que eventualmente esteja fazendo o papel de socorrista.

 

O protocolo de trauma funciona por etapas, cada qual representada por uma das letras do ABCDE, como já foi citado acima. Confira agora o que cada uma delas significa:

X

A Letra X no protocolo do trauma significa Exsanguinação

Nessa etapa, a contenção de hemorragia externa grave, a abordagem a esta, deve ser antes mesmo do manejo das vias aérea uma vez que, epidemiologicamente, apesar da obstrução de vias aéreas ser responsável pelos óbitos em um curto período de tempo, o que mais mata no trauma são as hemorragias graves.

 

A

A letra A, no protocolo de trauma, quer dizer vias aéreas ou, do inglês, airways. Nessa etapa do atendimento, quem estiver prestando o socorro deve verificar se o acidentado está com suas vias aéreas pérvias, ou seja, desobstruídas e permitindo uma passagem adequada de ar, compatível com o que é necessário para sua sobrevivência.

É preciso, portanto, checar se não existe algum corpo estranho que esteja impedindo a respiração, bem como alguma fratura ou lesão na coluna cervical. Esse é um processo que se presta também a observar a presença de eventuais edemas ou sangramentos na cavidade oral e sons estranhos durante a respiração. Garantida a passagem, o colar cervical deve ser colocado para proteger a coluna cervical.

 

B

Já a letra B do protocolo de trauma diz respeito ao termo “breathing”, em inglês. Ou, na tradução para o português, respiração. Alguns minutos sem a presença de oxigênio já desencadeia um quadro de hipóxia, que pode lesar tecidos e trazer danos irreversíveis em qualquer sistema.

Nessa fase, a ideia primordial é que o socorrista possa verificar se o acidentado está respirando por conta própria e de maneira adequada. Para isso, é preciso observar o movimento do tórax e, se possível, realizar uma ausculta para descartar a presença de sons anormais (como crepitações, roncos etc.) e, assim, eliminar a chance de lesão torácica.

 

C

A letra C do “ABCDE” do protocolo de trauma refere-se à etapa que visa justamente observar a circulação sanguínea do paciente, com a adoção de possíveis medidas para conter sangramentos e hemorragias. Sob qualquer circunstância, é interessante minimizar os riscos de hipovolemia, que é a diminuição do volume de sangue circulante.

A perfusão da sua pele também é fundamental, pois palidez excessiva ou lábios e extremidades arroxeadas podem indicar que o sangue não está chegando nessas regiões. Outros fatores a analisar são a amplitude do pulso e a frequência cardíaca, a pressão arterial e a presença de suor excessivo.

 

 

 

 

 

 

 

D

A letra D é a primeira da palavra inglesa disability, que pode ser traduzida como incapacidade. Nessa etapa, quem está prestando o socorro deve realizar um exame neurológico sumário, que servirá para analisar, ainda que de maneira mais superficial, qual é o nível de consciência do acidentado no momento.

Posteriormente, o médico ou socorrista profissional deve realizar o exame adequado para a classificação na Escala de Glasgow, que indicará a necessidade ou não de intubação e até mesmo do encaminhamento para cirurgia ou uma UTI.

Para essa checagem, usa-se outro conjunto de letras para facilitar a lembrança: o método AVDI. As letras querem dizer, respectivamente, alerta, resposta aos estímulos verbais, resposta aos estímulos dolorosos ou inconsciente ao estímulo.

 

E

A letra E é a inicial de “exposure” ou, em português, exposição. Nessa fase, o socorrista deve redobrar sua atenção ao exame visual, pois, para impedir novos traumas ou a piora dos já existentes, é preciso despir o acidentado para facilitar a ação e para uma melhor observação.

Deve-se, portanto, retirar as roupas sem que isso movimente o paciente, cortando-as ou abrindo-as, se possível. É fundamental notar que, durante esses procedimentos, não é raro que a temperatura do corpo acabe abaixando, o que poderia deixar os acidentados mais suscetíveis à hipotermia, e você não pode permitir que isso ocorra.

A importância desse método não demorou a ser reconhecida pelas autoridades médicas, uma vez que só com esses cuidados é possível realmente estabilizar o paciente, deixando-o mais seguro para o transporte e para quaisquer outras intervenções que se façam necessárias.

Portanto, dentro desse contexto, use o que puder e, antes da remoção das vítimas para o atendimento, garanta que a temperatura esteja estável. Uma manta térmica é sempre a melhor opção, embora muitas vezes só seja possível utilizá-la com a chegada da ambulância.

Essas são as etapas do protocolo de trauma. O conhecimento adequado é fundamental para qualquer profissional de saúde, especialmente os médicos, que durante situações de trauma e emergência necessitam de agilidade e conhecimento técnico para estabilizar os pacientes.

 

Fonte: https://enfermagem.queroconteudo.com/2022/01/como-funciona-o-protocolo-xabcde-do.html