Receita eletrônica seria a solução?

Dificuldades na leitura da prescrição representam 26% dos erros médicos

 

O acesso ao celular e a aplicativos usados em smartphones já é uma realidade para 95% dos brasileiros. E, diante de uma imensa variedade de apps de saúde, como controladores de glicose, ritmo cardíaco e consultas médicas, pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, com 2.126 pessoas em 129 municípios de todas as regiões do país, mostrou que 75% acreditam ser necessária a implantação da receita eletrônica pelas autoridades de saúde, evitando, por exemplo, erros de interpretação da grafia dos médicos e ausência de carimbo.

A demanda por receituário eletrônico é maior na população de 16 a 34 anos, chegando a 81%, como é o caso da atendente Luana Moreira, 20.

Ela diz já ter tido, algumas vezes, dificuldade de interpretação da grafia dos médicos. “Inclusive acho uma falta de respeito com o paciente, porque alguns médicos claramente não fazem questão que a gente entenda. A receita eletrônica ajudaria bastante”, diz. Na população com 60 anos ou mais, a demanda é sinalizada por 70% dos entrevistados pelo instituto. Na Câmara dos Deputados tramita o Projeto de Lei 3.344/2012, de autoria do deputado Ademir Camilo (Pode), que propõe tornar obrigatória a adoção e regulamentação dessa tecnologia no país. A ideia é que esse tipo de receita possa ser acessado por meio de sistema integrado entre médicos, farmácias e governo.

Para o farmacêutico Fernando Damiane, são comuns problemas relacionados às receitas de difícil leitura. “Nós, que trabalhamos na área, estamos ‘acostumados’ com a letra dos médicos, por isso conseguimos decifrar, mas os pacientes quase sempre não entendem nada”, afirma.

Entre os principais ganhos apontados pelos defensores da adoção dessa tecnologia estão: o pronto acesso e a rastreabilidade das prescrições e informações; a interface direta com o prescritor; minimização dos erros, pois serão eliminadas grafias de difícil interpretação; e diminuição da circulação de receitas falsas. Segundo o “Jornal de Pediatria”, publicação da Sociedade Brasileira de Pediatria, estima-se que 15% das internações em unidades de terapia intensiva neonatal sejam acompanhadas de erro médico.

A maioria dos erros acontece durante o período noturno e envolve administração incorreta de droga (35%) e interpretação equivocada da prescrição (26%). No Brasil, entre 2014 e 2017, o número de processos por erro médico que chegaram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) aumentou 140%, passando de 260 casos para 626. Menos erros e uma maior produtividade O estudo “Desenvolvimento de um sistema de alerta e recomendação de medicamentos baseado em casos: uma nova abordagem para a prevenção de erros de medicação”, realizada por pesquisadores do Hospital da Universidade de Tóquio, em 2017, com médicos que já usam um sistema de prescrição eletrônica, mostrou que 75% deles indicaram que a tecnologia pode diminuir erros, 70% citaram que aumenta a produtividade e 50% acharam que diminuem o tempo de consulta e o número de pacientes que procuram serviço sem necessidade. Flash Desejos.

Dentre os diversos entrevistados pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação Farmacêutica, 33% deles dizem que buscam por aplicativos que auxiliem na agenda de consultas, e outros 27% apresentam interesse por aplicativos de monitoramento de saúde: para aferição de pressão, batimentos cardíacos, glicemia, entre outras. As entrevistas de campo foram realizadas entre 15 e 21 de novembro de 2018.

Disponível em: https://www.otempo.com.br/interessa/sa%C3%BAde-e-ci%C3%AAncia/sete-em-cada-dez-querem-a-implanta%C3%A7%C3%A3o-da-receita-eletr%C3%B4nica-1.2085935

 

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